domingo, 10 de outubro de 2010

Amélie Syndrome - en ce moment, où, et des incertitudes ...

O post de hoje, venho para tratar de algumas incertezas, medos, acontecimentos, questionamentos - conturbações estas pessoais que denominarei de sindrome de Amélie.
Devo confessar antes de tudo que amo este filme, creio que é um dos melhores filmes da atualidade e trata de questões tão complexas, com uma beleza e singularidade marcante, para quem não assistiu ainda o filme aqui vai um pequeno resumo: "Amélie, uma menina que cresceu isolada das outras crianças. Isso porque seu pai achava que Amélie possuia uma anomalia no coração, sua mãe, que era professora, foi quem a alfabetizou até falecer quando Amélie ainda era menina. Sua infância solitária e a morte prematura de sua mãe influenciaram fortemente o desenvolvimento de Amélie e a forma como ela se relacionava com as pessoas e com o mundo depois de adulta. Após sua maioridade encontra no banheiro de seu apartamento uma caixinha com brinquedos e figurinhas pertencentes ao antigo morador do apartamento. Decide procurá-lo e entregar o pertence ao seu dono. Ao notar que ele chora de alegria ao reaver o seu objeto, a moça fica impressionada e remodela sua visão do mundo. A partir de então, Amélie se engaja na realização de pequenos gestos a fim de ajudar e tornar mais felizes as pessoas ao seu redor. Ela ganha aí um novo sentido para sua existência. Em uma destas pequenas grandes ações ela encontra um homem por quem se apaixona à primeira vista. E então seu destino muda para sempre…"
Agora indo de encontro ao propósito deste post, conto aqui minhas inquietações. Tempos atrás me encontrava em um relacionamento furado onde eu mais dava que recebia, onde em um relacionamento exigia minimamente um exercício de troca simultanea, projetei demais (talvez pela ilusão de estar com alguém, "ter" alguém mesmo que isto custe em anulações) esta relação e de alguma maneira acabei exigindo demais desta pessoa, como é o esperado desta conversa é inevitavel que esta relação teve fim. Talvez devido as expectativas, ou medo até (medo, sim, talvez medo de se entregar pois ja aguarda sempre o pior) mas enfim, acabou e como tudo que acaba o que resta, talvez uma falsa sensação de finitude e desmoronamento, desespero, um buraco, falta de uma parte do nosso ser. Porém é neste momento que eu me encontrei com meu eu mais profundo, em meio a esta batalha pessoal, descobri que eu vivia um sonho e fazia questão de viver de sonhos, de não me permitir, viver no castelo encantado que eu construira onde eu era rainha absoluta e ninguém transpassava os meus muros, minhas cercas, nenhum reino invadiria meu território e destruiria minha morada, mesmo que eu tivesse usado os motivos e locais errados para usar de alicerce para o meu abrigo. Até o dia que isso aconteceu e eu me senti viva, estava por experimentar as sensações mais angustiantes que vivi ate aqui, mas por alguma razão estranha, gostei pois me vi como um ser humano, e a partir disso que aprendi que é por momentos assim, que um sorriso vale a pena, que o amanhecer de cada dia é o mais belo de todos, é isso que nos da força, caráter. Decidi então viver, tomar as rédeas da minha vida e experimentar tudo, e de tudo, assim como Amélie que deixava uma vida de isolamentos por auto-segurança, por uma VIDA; decidi ser humana e viver como tal, com direito de cair e levantar, de errar, acertar mas acima de tudo aprender, decidi que não importa o que aconteça o que vai acontecer é um enigma e isso que torna tudo mais doce.
Muitas águas nesta jornada ainda há de rolar, lágrimas ão de cair, sorrisos surgirem e flores desabrocharem, mas é isso que é a vida e, dela neste momento quero tudo, pois neste momento posso dizer que sou mulher completa, com uma essência em evolução, e sinceramente disso não abro mão.


"Ela parece distante... talvez seja porque está pensando em alguém.
- Em alguém do quadro?
- Não, um garoto com quem cruzou em algum lugar, e sentiu que eram parecidos.
- Em outros termos, prefere imaginar uma relação com alguém ausente que criar laços com os que estão presentes.
- Ao contrário, talvez tente arrumar a bagunça da vida dos outros.
- E ela? E a bagunça na vida dela? Quem vai pôr ordem?"

(O Fabuloso Destino de Amélie Poulain).


sábado, 2 de outubro de 2010

De frente com Anaïs Nim...

Anaïs Nin, nascida em fevereiro de 1903 na França, foi uma consagrada escritora, onde em suas obras ela retratava o cotidiano de seu dia a dia, se fazendo de seus diários pessoais para publicações de suas obras; diários este que se deram desde dos teus doze anos de idade, e abrangeu um período de quarenta anos. Sua maior característica é o uso de uma narrativa forte, impactante utilizada de erotismo. Ela viria a falecer em janeiro de 1977.
Aqui deixo com vocês algumas frases e pensamentos de Anaïs, que de uma forma misteriosa me marcaram e me completaram de maneira tão singular.


"Um homem jamais pode entender o tipo de solidão que uma mulher experimenta. Um homem se deita sobre o útero da mulher apenas para se fortalecer, ele se nutre desta fusão, se ergue e vai ao mundo, a seu trabalho, a sua batalha, sua arte. Ele não é solitário. Ele é ocupado. A memória de nadar no líquido aminótico lhe dá energia, completude. A mulher pode ser ocupada também, mas ela se sente vazia. Sensualidade para ela não é apenas uma onda de prazer em que ela se banhou, uma carga elétrica de prazer no contato com outra. Quando o homem se deita sobre o útero dela, ela é preenchida, cada ato de amor, ter o homem dentro dela, um ato de nascer e renascer, carregar uma criança e carregar um homem. Toda vez que o homem deita em seu útero se renova no desejo de agir, de ser. Mas para uma mulher, o climax não é o nascimento, mas o momento em que o homem descansa dentro dela."(Anaïs Nin)


"Não vemos as coisas como são, mas como nós somos."(Anaïs Nin)


"Ajusto-me a mim, não ao mundo."(Anaïs Nin)


"Eu escolho
um homem
que não duvide
de minha coragem
que não
me acredite
inocente
que tenha
a coragem
de me tratar como
uma mulher."




(Anaïs Nin)


"O amor nunca morre de morte natural. Ele morre porque nós não sabemos como renovar a sua fonte. Morre de cegueira e dos erros e das traições . Morre de doença e das feridas; morre de exaustão, das devastações, da falta de brilho."(Anaïs Nin)


"Chorei porque não era mais uma criança com a fé cega de criança. Chorei porque não podia mais acreditar e adoro acreditar. Chorei porque daqui em diante chorarei menos. Chorei porque perdi a minha dor e ainda não estou acostumada com a ausência dela."(Anaïs Nin)


"A origem da mentira está na imagem idealizada que temos de nós próprios e que desejamos impor aos outros."(Anaïs Nin)


"Tornamo-nos Mais Objectivos Depois de Reconhecermos a Nossa Subjectividade"(Anaïs Nin)



"A Racionalização das Emoções 

O ponto de vista feminino tem sido muito mais difícil de expressar que o
masculino. Se assim me posso exprimir, o ponto de vista feminino não 
passa pela racionalização por que o intelecto do homem faz passar os seus 
sentimentos. A mulher pensa emocionalmente; a sua visão baseia-se na 
intuição. Por exemplo, ela pode ter um sentimento em relação a qualquer 
coisa que nem sequer é capaz de articular.
A princípio, achei extremamente difícil descrever como me sentia. Porém, se
fazemos psicanálise, a questão é sempre: «Como é que se sentiu em relação a
isso?» e não «O que é que pensou?» E como muito frequentemente a mulher 
não deu o segundo passo, que é explicar a sua intuição - por que passos lá
 chegou, o a-b-c daquilo - ela não consegue ser tão articulada.

Ora eu tentei fazer isso (quer tenha conseguido quer não), e, porque estava a
escrever um diário que pensava que ninguém leria, consegui anotar o que sentia acerca das pessoas ou o que sentia acerca do que via sem o segundo 
processo. O segundo processo veio através da psicanálise, que era 
igualmente um método de comunicar com o homem em termos de uma 
racionlização das nossas emoções de modo que pareçam fazer sentido ao
 intelecto masculino. Por isso existe uma diferença, penso eu, que é muito 
profunda mas que está a começar a desaparecer. Com efeito, penso que, 
quando a geração mais jovem passa por qualquer experiência psicanalítica 
descobre que o sonhos dos homens e das mulheres são os mesmos, o 
inconsciente é universal e que aí as coisas brotam do sentimento e do instinto e não passaram pelo processo de racionalização, e portanto este é um ponto de vista feminino." (Anaïs Nin)





"Não Existem Pessoas Totalmente Ocas 

Nunca encontrei uma pessoa oca. Nunca encontrei uma vida sem significado
quando se procura realmente o seu significado. É esse o perigo de dizer que
não procuramos, porque foi assim que chegámos ao ponto em que sentimos 
que a vida não tinha qualquer significado. Bem vê, nós repudiámos tantas 
formas de terapia. Quer dizer, tantos de nós repudiam actualmente a filosofia, a religião ou qualquer outro padrão que nos mantinha coesos anteriormente.
Repudiamos tudo. Até repudiámos a terapia da arte. Por isso não nos restou    realmente mais que olhar para dentro, e os que o fazem descobrem que toda a vida tem significado porque a vida tem significado. Fomos seriamente 
prejudicados por pessoas que disseram que a vida era irracional e de qualquer modo não significava nada. Mas assim que começamos a olhar, descobrimos o padrão e descobrimos a pessoa. Nunca encontrei aquilo a que se poderia 
chamar uma pessoa totalmente oca." (Anaïs Nin)

domingo, 18 de julho de 2010

Uma noite, um confronto e uma canção...

Era quase meia noite e ela estava parada ali em frente a janela do teu quarto, contemplando a lua que neste dia em particular estava com um mistério, um certo ar de magia que ela não conseguia explicar, a noite estava limpa, calma, lânguida, nada de novo ou relevante acontecia, apenas a lua e a noite que se arrastava juntamente com os ponteiros do relógio, que estava a falhar devido ao desgastes das pilhas que o tempo ajudara a consumir neste incessante trabalho involuntário.
Acabara de sair do banho no quarto não havia luz, as lampâdas haviam queimado e nesta hora hora se recordou que tinha que troca-las, a unica coisa que iluminava aquele ambiente era a luz do luar que penetrava pelos vidros estreitos da janela. Ela estava la sentada a olhar tudo la fora onde nada acontecia; por alguma estranha razão, aquele nada que acontecia insistentemente lhe era familiar, lhe recordava a sua vida que sempre se mostrava firme no seu desejo do nada. 
A uns dias ela achou que esse nada ia se completar, havia conhecido um rapaz, sim estava encantada e não tinha como esconder, o moço havia lhe domado os pensamentos e desejos através dos seus belos modos, de seu olhar envolvente, dos teus beijos tão cheios de desejo. Mas como sua vida se mostrava sempre mais cedo ou mais tarde, implacável á mudanças o nada sempre voltava para dar um olá e lhe amordaçar com tuas amarras. Ele havia sumido, não ligava, não chamava pra sair, nem se quer respondia a recados teus. Nela havia agora somente o insistente, insuportável desejo de ligar, de correr ate ele, de falar que ela estava ali e o esperava, porém era uma mulher de "princípios", "orgulho", fora criada assim, a nunca dar o braço a torcer, não ir atrás de quem não te quer, e mais forte que o desejo de procurar eram as celas do  seu "amor próprio", talvez estivesse cansada de se auto amar tanto e só si mesma, ninguém a amar a ela também, porem isso não importava agora.
A noite continuava estática através da janela, com seu nada constante, ate que uma canção rompe aquele silencio ensurdecedor, cri cri cri; ela olha a procura daquele pequeno ser que nas noites mais quentes de verão disparava sua canção que a natureza que concedera, cri cri cri, era a unica coisa que encontrava, aquele canção despertou de seus devaneios, e agora se fazia trilha sonora sob a luz do luar.
Porem a cada segundo este som se mostrava mais presente e insistente, e ela já estava aborrecida, será que ninguém poderia fazer aquele inseto ficar em silencio, aquele som lhe parecia insuportável, a raiva fora lhe tomando conta, mas estava com raiva do que? do som de um grilo? o que estava acontecendo com ela estava com raiva de um pequeno ser, o que lhe incomodava não era o som que este fazia, mas sim sua solidão, o barulho era um simples pretexto para fugir de si mesma, de escapar de um confronto com seu alterego. Tudo que ela tentava em toda sua vida era não estar sozinha consigo própria, ela tinha medo de si, não se conhecia, não sabia do que era capaz, e tinha medo do que ia encontra no fundo de sua alma, só uma coisa ela sabia, era sua pior inimiga; a unica pessoa que no mundo sabia como de verdade se fazer mal, que conhecia em todos os âmbitos todos os seus medos, frustrações desejos e infelicidades, ela sabia onde tocar pra machucar; e este momento a sós consigo que jogava bruscamente no contato com a pessoa que ela mais temia e evitava, então procurava constantemente e freneticamente uma válvula de escape, afinal neste mundo contemporâneo com suas tecnologias e modernidades, que davam portas para escapar, estava ligada a tudo a todo momento. Mas não naquele momento, mas não ali, e só conseguia agora ansiar desesperadamente por uma porta pra fugir, buscava-a em qualquer lugar com os mínimos detalhes, e com o canto do inseto não havia de ser diferente era só a tentativa desesperada de ser esconder de seus fantasmas. 
Caíra em desespero e os prantos lhe molhavam a face acometida por uma expressão de profunda dor, e naquela noite calída nada acontecia, somente a luz do luar que revestia tudo ao redor, e uma canção que soava distante que embalava os sonhos desesperados de uma noite; cri, cri, cri.

sábado, 17 de julho de 2010

Prazer somos os Na Taverna...

Olá gente, deixe começar este post nos apresentando. Eu sou Aline, e este blog é composto por três integrantes Bié, Julia, e eu prazer em estar aqui com vocês, sejam bem vindos a nossa taverna; podem se chegar arrumar uma mesa, fazer seus pedidos e aconchegar-se junto a nós.
Agora me explico aqui o porque deste nome exótico para o nosso pequeno diário eletrônico. Tem um autor que mega admiramos Álvares de Azevedo, creio que com sua breve historia de vida (pois o mesmo faleceu aos 20 anos de idade devido uma tuberculose que adquirira nas suas noitadas inconseqüentes) porem muito bem vividos. Na sua trajetória ele foi poeta e um grande escritor, e entre suas obras a um livro em especial que marcou a nossa vida de maneira singular: "Noites na taverna", onde quatro amigos se encontram em uma taverna, para beberem, desfrutarem da companhia de mulheres, luxúria, libertinagem e por fim contemplarem a noite calída que assolava a cidade. Neste encontro se resulta conversas e confissões de suas vidas, todas de âmbito pessoal e ate mórbido. O que mais fascina neste livro é amizade destes mancebos e a cumplicidade entre si e suas narrativas. 
Devido a este fato resolvemos fazer um blog nosso, de três amigos onde dividimos aqui nossas historias, expectativas, sonhos, confidenciamos coisas mais profundas de nossa essência, afinal vamos tentar fazer disso uma conversa informal entre amigos em uma mesa de bar, onde de tudo pode sair e acontecer. Falaremos de tudo que tivermos vontade, moda, musica, arte, literatura, cinema, amor, sentimentos, relacionamentos e acima de tudo desabafaremos ao prantos ou sorrisos regados de um bom copo vodca e ombro amigo.
Espero que gostem, fazemos isso com o coração mente e alma. Aqui me despeço neste primeiro post de apresentação.
Que a densa noite acolha teus mais sórdidos desejos.
Aline Cardoso.